Cá vos trago uma outra história, esta sem título, mas o poema diz tudo! Ora apreciem:
«Há dias, na capital
deu-se um desastre fatal
que por ser especial
mereceu ir para o jornal:
Um velho jovial,
chamado Manuel Pascoal
ao passar no arsenal
apanhou com um saco de cal
no parietal.
Atirado com uma força bestial,
o velhote começou a sentir-se mal
e a sua fraqueza foi tal
que caiu num lamaçal.
Conduziram-no ao hospital
lá lhe deram um cordial
que por azar afinal
lhe foi nocivo mortal.
Escreveram para o Seixal
donde ele era natural
informando num postal
o desastre fatal.
Veio a família em geral
e aí pelas três e tal
fez-se o funeral.
A caminho do portal
do cemitério oriental,
após um balde de cal
o deitaram num coval
e o parente principal
fez o discurso usual:
"Aqui jaz Manuel Pascoal
nascido no dia de Natal
e falecido no Carnaval
por causa de um saco de cal
que lhe deu no parietal.
Como dote total,
deixa apenas no quintal
um pequeno laranjal
nas traseiras do casal,
casado com Ana Pardal
deixa à viúva legal
um coçado enxoval
e os restos do brasal
do seu tempo matrimonial.
Era um marido ideal
como não havia igual
na capital.
Teve outrora um cafezal
lá na África ocidental
mas uma questão criminal
levou-o a tribunal
ficando na miséria social.
Operário manual
sem sócios nem secursal
batia qualquer profissional
em mecânica industrial.
Pobre Manuel Pascoal
que triste o teu carnaval
assim Deus te "fal"
no descanso eternal
Ponto final."»
Eheh! Quanto a vocês não sei, mas que eu acho uma piada a esta história, lá isso acho!
Fiquem bem!
... acabei por encontrar a relíquia que é um pequeno caderninho, bege, fino, velho, preenchido com a letra jovem e apressada do meu pai. Ao que parece, quando ele era (bem) mais novo, muniu-se de gravador e pedinchou com jeito ao pai (o meu avô) que recitasse para a máquina aquelas preciosidades e aqueles tesouros do nosso povo que o encantador senhor conseguia, com tanta paciência e uma memória de louvar, manter na cabeça, já de si tão ocupada.
Decidi resgatar essas histórias perdidas no tempo e mostrá-las, com todo o orgulho de filha e neta babada, aos interessados da blogosfera.
Acontece que a primeira das histórias se intitula "Correspondência" e se desenrola da seguinte maneira:
«Do filho:
"Querido pai: Escrevo-te na segunda, para que saibas na terça que não terei dinheiro nenhum na quarta. E se não me mandares na quinta para que eu receba na sexta, partirei de autocarro no sábado e chegarei aí no domingo."
Do pai:
"Querido filho: Tua carta escrita na segunda chegou-me às mãos na terça. Respondo-te na quarta para que saibas na quinta que não terás dinheiro nenhum na sexta. E se partires de automóvel para cá no sábado, vais levar umas boas chapadas na cara no domingo."»
Voltarei dentro em breve para vos mostrar mais uns quantos poemas e histórias curiosas que o tempo não conseguiu apagar.
A todos, um bom fim-de-semana.
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